Neste projeto, vou aprender mais sobre neurosciências e o funcionamento do cérebro, especialmente no campo de adquirir línguas estrangeiras. Além de consultar livros, sites e vídeos sobre o assunto, comprometo-me a aprender uma língua nova em apenas 30 dias. Vou fazer isso usando 30 vídeos de 20 minutos com Comprehensible Input especialmente projetados para esse efeito. O meu objetivo com este projeto é comprovar que o cérebro humano é capaz de aprender, compreender e falar uma língua nova apenas com este método. Para isso, vou fazer a experiência comigo mesma. Vou tentar aprender uma língua simples: Toki Pona.
A neurociência é o estudo do sistema nervoso, incluindo o cérebro, e como influencia o comportamento e a cognição. No contexto da aprendizagem de línguas, a neurociência tem explorado como o cérebro adquire e processa informações linguísticas.
Uma abordagem interessante na aprendizagem de línguas é o conceito de “input compreensível”. Essa teoria argumenta que a exposição a uma língua em um contexto significativo e compreensível é fundamental para o aprendizado linguístico. Segundo essa teoria, o cérebro tem a capacidade de adquirir uma nova língua mesmo sem instrução formal.
Estudos em neurociência têm demonstrado que o cérebro humano é altamente adaptável e possui uma notável capacidade de processar e assimilar informações linguísticas. Quando uma pessoa é exposta a uma língua por meio de input compreensível, várias áreas do cérebro envolvidas na linguagem são ativadas. Isso inclui regiões responsáveis pelo processamento auditivo, visual e da linguagem, como o córtex auditivo e visual, o córtex pré-frontal e o córtex temporal.
O input compreensível fornece ao cérebro exemplos de estruturas gramaticais, vocabulário e padrões sonoros da língua. À medida que o cérebro é exposto repetidamente a esses exemplos, ocorrem processos de reconhecimento, associação e armazenamento de informações linguísticas. Esses processos envolvem a formação de conexões sinápticas entre os neurónios, fortalecendo as vias neurais relacionadas à linguagem.
Além disso, a neuroplasticidade do cérebro desempenha um papel fundamental na aprendizagem de línguas. Através da neuroplasticidade, as conexões neurais podem ser modificadas e reorganizadas com base na experiência e no aprendizado. Isso significa que quanto mais exposição e prática uma pessoa tem com uma língua, mais o cérebro se adapta e otimiza as redes neurais relacionadas a essa língua.
No entanto, é importante ressaltar que a aprendizagem de línguas não se limita apenas ao input compreensível. Outros fatores, como motivação, prática ativa, interação social e feedback, também desempenham um papel significativo no processo de aprendizagem.
Basicamente, a neurociência mostra que o cérebro humano tem a capacidade de aprender línguas por meio de input compreensível. A exposição repetida a uma língua num contexto significativo desencadeia processos cerebrais que levam ao reconhecimento, associação e armazenamento de informações linguísticas.
Além dos processos de reconhecimento, associação e armazenamento de informações linguísticas que ocorrem no cérebro quando somos expostos a input compreensível, existem outras áreas de estudo na neurociência que se relacionam com a aprendizagem de línguas.
Uma delas é a neurociência da pronúncia. Estudos têm investigado como o cérebro processa e produz os sons da linguagem. Descobriu-se que regiões específicas do cérebro estão envolvidas na perceção e produção dos sons da fala, como o córtex auditivo e o córtex motor. A plasticidade dessas regiões permite que os aprendizes modifiquem as suas habilidades de pronúncia ao longo do tempo, à medida que são expostos a input compreensível e praticam a produção dos sons da língua.
Outro aspeto importante é a neurociência da gramática. Estudos neurocientíficos mostraram que existem áreas do cérebro dedicadas ao processamento da estrutura gramatical das línguas. Por exemplo, o córtex frontal e o córtex temporal estão envolvidos na compreensão na formação de estruturas gramaticais. A exposição a input compreensível ajuda a fortalecer essas conexões neurais relacionadas à gramática das línguas.
A memória também desempenha um papel importante na aprendizagem de línguas. A neurociência da memória tem investigado como o cérebro armazena e recupera informações linguísticas. Estudos mostraram que a repetição espaçada, ou seja, rever o material de aprendizagem ao longo do tempo, pode melhorar a retenção e a recordação das informações linguísticas. Além disso, técnicas mnemónicas, como associação de imagens e criação de histórias, podem facilitar o armazenamento e a recuperação de vocabulário e estruturas linguísticas.
1 Semana a aprender Toki Pona
Confesso que nos primeiros dias, estava um pouco perdida. Percebi a essência das histórias que eram contadas, mas não apanhava os pormenores. No entanto, já estou habituada a algumas palavras.
2 Semana a aprender Toki Pona
Já começo a perceber melhor a língua. Não entendo todas as palavras, mas já entendo as histórias e a maioria dos pormenores. Coisas como números, cores e algumas palavras muito usadas já são fáceis de entender.
3 Semana a aprender Toki Pona
Tem sido cada vez mais fácil perceber a língua. Já percebo a maioria das palavras e entendo perfeitamente as histórias contadas. Também, já decorei várias palavras e entendo os seus significados.
4 Semana a aprender Toki Pona
Agora, acabaram-se as histórias de animais. Começaram as histórias sobre eventos reais, e são um pouco complicadas. No entanto, estou a adaptar-me bem. Consigo perceber na mesma as histórias contadas.
Até ao vídeo 20, as histórias eram fábulas com situações engraçadas que aconteciam com animais. A maioria delas tinha uma moral da história, que era explicado no fim. A partir do vídeo 21, os temas foram os seguintes:
21 – é a história da Marie Curie, a única pessoa que ganhou dois prémios Nobel
22 – é uma piada sobre um general arrogante e uns soldados que lhe pregam uma partida
23 – é sobre a música “I will always love you”
24 – é uma história que aconteceu durante as férias do narrador da história no período do covid
25 – é sobre a história do walkman
26 – é sobre os micróbios e quando os médicos descobriram que era preciso lavar as mãos
27- é sobre as traduções da Bíblia
28 – é sobre o crash financeiro que ocorreu há uns anos atrás
29 – é sobre o acidente da nave Apollo 13
30 – é sobre a história da língua toki pona
Com este projeto, aprendi muito sobre o funcionamento do cérebro. Além disso, a experiência que fiz foi muito positiva porque agora consigo entender toki pona só por ter visto vídeos com input compreensível. Li o livro “meli lili pi len loje” traduzido por jan Same e consegui compreender a história. “meli lili pi len loje” é uma das formas de dizer capuchinho vermelho em toki pona, e significa literalmente “mulher pequenina da roupa vermelha”.
O meu próximo objetivo é aprender sitelen pona, que é uma das formas oficiais de escrever toki pona, em que cada palavra tem um símbolo correspondente, uma espécie de hieróglifo.
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